Cantigas de amigo e outros poemas (1980-1985)
Cantigas de amigo e outros poemas (1980-1985) | |
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Autor/a | Ricardo Carvalho Calero |
Ilustrador/a | Felipe Criado |
Cuberta | Felipe Criado |
Orixe | Galicia |
Lingua | galego |
Xénero(s) | poesía |
Editorial | AGAL |
Data de pub. | 1986 |
Páxinas | 192 |
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Cantigas de amigo e outros poemas (1980-1985) é un libro de poemas de Ricardo Carvalho Calero publicado en 1986[1].
Características
[editar | editar a fonte]Son textos inéditos non recollidos en libro antes.
Para Laura Tato o propio título do volume é xa unha declaración de principios: a insensible muller da posguerra —que non era quen de estar á altura dos sentimentos do home— deixou paso á nova muller dos 80, á amiga actual que “sen necesidade de refram nen paralelismo” é capaz de amar coa mesma intensidade que o poeta.[2]
Segundo Francisco Salinas Portugal é un libro singular cuxa importancia foi silenciada pola crítica a pesar de ser un libro extraordinario. .. que nel se dá un «equilibrio, entre a paixón e a serenidade, entre a seriedade e a ironia, entre a ternura e o cepticismo e ainda unha tensión vibrante entre a riqueza lingüística».[3]
Segundo Sindo Villamayor ... 62 poemas dos que os máis característicos son cantigas postas en boca de mulleres, se ben nada teñan que ver coa escola poética do neotrobadorismo, nin estética nin formalmente. É a muller que busca unha forma de expresarse de seu: a muller no sentido antropolóxico, de ser persoa humana característica.[4]
Segundo Henrique Rabuñal: nos dous primeiros apartados falan esas mulleres de hoxe das súas complexas relacións amorosas entre un el fragmentario e efémero e unha muller eterna e múltipla... Outros apartados evocan figuras míticas e históricas... O poeta defende o edén eterno previo ao pecado, reflexiona sobre o sentido igualador da morte, mergúllase no universo artúrico...[5]
Contido
[editar | editar a fonte]- 1ª parte
- 1. Amigo, sem necessidade
- 2. Diremo-nos adeus filosoficamente
- 3. Mentres eu conduzia o meu carro pola cidade em sombras
- 4. Comprende-me. Nom podo. Impossível com estas
- 5. Bem pode ser que tenha que renunciar a ti
Bem pode ser que tenha que renunciar a ti,
oh, meu secreto amor.
Cada vez é mais árduo, mais esgrévio o caminho
que hei de subir para seguir-te,
para teres-me, para sermos
o convexo e o côncavo da mesma esfera, sem
achamos sítio num padrom, num censo,
num código, num protocolo, num
elenco, numha nómina.
... [6]
- 6. Eu com el e com eles
- 7. Adeus, estou triste, mas certamente resignada
- 8. Esquecida vivia
- 9. Ajustarei-me os óculos
- 2ª parte
- 1. Sempre me olha ao passar
- 2. Empurrou-me contra a parede
- 3. Som Agregada de instituto
- 4. Jazo com António. Ouço o seu bronco respirar
- 5. Como está longe da sua terra e da sua amiga
- 6. Senhorita de vila, ignorante e fidalga
Senhorita de vila, ignorante e fidalga,
desde nena tivem um pretendente,
fidalgo e ignorante coma mim.
Da cidade vinheram estudantes
com motivo das festas,
E demos-lhes um baile no casino.
Assi eu o conhecim.
... [7]
- 7. Fugiamos da nossa vila
- 8. Mamá e papá, por favor, nom choredes muito
- 9. Se me coseu o corpo com treze punhaladas
- 3ª parte
- 1. Desque vim Tristám fum a sua namorada
- 2. Som Isolda a das brancas mans
- 3. Senhor, vós sodes rei, vós chorades e eu parto
- 4. Johann Chrysostomus Wolfgang Theopilus Amadeus Mozart
- 5. Som Mistress Strauss. Viajava no Titanic
...
Entre a passagem, os dez homes mais ricos
de Norteamérica. O mundo das finanças,
dos caminhos de ferro, a minaria,
a política, os grandes armazéns.
O meu marido, Isidor, entre eles.
A meia-noite do catorze de Abril.
de min novecentos e doze, a crise. [8]
- 4ª parte
- 1. Eu conduzim até o rei Marco
- 2. Vem-te comigo ao bosque de Morois
...
Vem-te comigo, amiga, irmá. Assi somos ,
nem eu sen ti nem ti sem min. Fujamos.
Vem-te comigo ao bosque de Morois,
Isolda, amor, verdade, arela, vida. [9]
- 3. Se Avalon é a Ilha das Maçás
- 4. Calquer lugar é bom para morrer
- 5ª parte
- 1. Ceptro e látigo cruzados
- 2. Como um leve frisar de arage sobre a reiva
- 3. Em Wulpensand ou em Iliom
- 4. O meu cavalo piafa no curro do castelo
...
O meu cavalo piafa no curro do castelo.
O seu casco escreve sobre o pó,
sobre a areia, sobre a água, sobre a neve,
sobre o vento, poemas que eu transcrevo
em clave de lua, em língua de nom.
Circulaçom da cadro do seu caracoleio.
Cadratura do círculo. O centauro arquitecto.
Do cadrado do pátio à cúpula do céu
... [10]
- 5. De Rosalinda a Julieta
- 6. Pouco sabemos dela, fora do que nos dim
- 7. Pois Galaad redime a Lançarote
- 6ª parte
- 1. Ali, onde as rainhas orgulhosas
Ali, onde as rainhas orgulhosas
entornam os seus olhos abissais
como portas da alcova do mistério,
viveu o seu escuro coraçom
umha idade de luz, assulagado
nas mirages do ensonho.
... [11]
- 2. Umha mensagem da Dogaresa
- 3. Ao sudeste do teu coraçom
- 4. Onde eu escrevo Lésbia lê ti Clódia
- 5. Água e carbono é o teu corpo, sal
- 6. O sol, como um cam carinhoso
- 7. Dezoito anos tinha Helena
- 8. Por que serám tan formosas as coxas
- 9. As horas, com seus pés ligeiros, tecem
- 10. Nom o primeiro amor, o derradeiro
- 7ª parte
- 1. Pintura abstracta, música concreta
- 2. Ti, Miguel Anjo Fernám Velho
...
Em todo caso, porque te vejo mais a ti,
envio-che esta carta de graças, telegráfica
mostra de obriga e leda expressom de amizade
para os dez, como estades
en ringleira de frente despregados,
dispostos à batalha: Palharês, Fermám Velho,
Mato Fondo, Valcárcel,
Ribas, Salinas Portugal, Pereiro,
Lino Braxe, Xavier Seoane,
José Devesa, os dez da fama,
os dez, dedos do Deus da Nossa Terra,
o Anjo da Nossa Guarda, o Velho
Anjo da Guarda dos Galegos,
que fala em verso, e co seu verso escreve
as ringlueiras da historia
... [12]
- 3. Mas este coraçom aprende pouco
- 4. Criamo-nos juntos e parecia que éramos
- 5. E agora tenho a mesma idade
- 6. As cousas nom som singelas
- 7. Irei-me sem sabê-lo
- 8. Da montanha em que fago o meu jejum
- 9. Quem me quijo? Alguém me quijo?
- 8ª parte
- 1. Já que viver feliz foi impossível
- 2. É tarde para todo
É tarde para todo.
Para possuir, para amar.
Para vencer, para luitar.
Mesmo para perder, mesmo para ciar.
É tarde para ser.
...[13]
- 3. Isto é o que nos foi dado. Mais nada
- 4. Administrar o capital do nosso destino
- 5. Cando o comprendas, és maior de idade
- 6. Somos velhos
- 7. Na autoestrada de Barajas
- 8. Avançamos batendo metalicamente no solo
- 9. Ainda eu poderia ser feliz
Notas
[editar | editar a fonte]- ↑ Carvalho Calero, Ricardo (1986). Cantigas de amigo e outros poemas (1980-1985). AGAL. ISBN 84-398-5490-0.
- ↑ Tato Fontaíña, Laura (2000). "Carvalho Calero poeta, narrador, dramaturgo". Grial (147): 441–460. ISSN 0017-4181. Arquivado dende o orixinal o 27 de agosto de 2019. Consultado o 27 de agosto de 2019.
- ↑ Salinas Portugal, Francisco. "Carvalho Calero poeta: a palabra no exilio" (PDF). ruc.udc.es. p. 181. Arquivado dende o orixinal (PDF) o 18/10/2019. Consultado o 11/11/2018.
- ↑ Villamayor, Sindo (?). "O silencio interior (1940-1950)" Historia da literatura galega, 33. A Nosa Terra. p. 1047.
- ↑ Rabuñal, Henrique (2020). Ricardo Carvalho Calero. O anxo da terra. Galaxia. p. 135. ISBN 978-84-9151-436-7.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 27.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 57.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 85.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 92.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 108.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 121.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 150-1.
- ↑ Carvalho Calero 1986, p. 175.