Reticências... (1986-1989)

Na Galipedia, a Wikipedia en galego.

Reticências... (1986-1989)
Autor/aRicardo Carvalho Calero
OrixeGalicia
Linguagalego
ColecciónVento que Zoa
Xénero(s)poesía
EditorialSotelo Blanco Edicións
Data de pub.1990
Páxinas176
editar datos en Wikidata ]

Reticências... (1986-1989) é un libro de poemas de Ricardo Carvalho Calero publicado en 1990[1].

Características[editar | editar a fonte]

Reticencia no dicionario da RAG é omisión intencionada de algo que debía ou podía dicirse e que non se dixo, ou que non se di claramente. Reticências, en portugués, é o conjunto de três pontos seguidos que constituem um sinal de pontuação que indica suspensão do discurso ou do pensamento, como se ve no título da obra.

É un libro de poemas póstumo, que o autor entregara ao editor con ilusión de velos publicados. Nos cen poemas do libro (22 deles sonetos) están presentes moitos dos recursos e temas usados antes na súa poesía: a técnica dos interrogantes, o didactismo, o menosprezo do goce corporal, reflexións, enumeracións, anáforas, coñecemento e experiencia, odio á poesía morta, antisentimentalismo, certa tendencia ao sermón etc. E tamén aparecen elementos novos como a ironía e o fóra de xogo[2].

Segundo o Diccionario da literatura galega son poemas inusitados no noso panorama, froito da extraordinaria sensibilidade para os asuntos que lle son gratos... e o uso de referencias ó cotián na constante renovación da linguaxe poética[3].

Segundo Sindo Villamayor o sentido da morte e da vida, as categorías tempo-espacio, enfrontadas definitivamente polo poeta estoico coa súa única arma: a da racionalidade, un equilibrio mental [4].

Para Henrique Rabuñal: é un libro complexo, extenso, organizado en seis apartados que visitan temas moi recorrentes. A indentidade entre o ser o desexo, a muller, a "doce e pérfida amante", a "amiga fiel que me tortura sempre", a felicidade que non comporta o amor, a vellez, a soidade e os soños, os eus englobados no eu, a percepción de todos os días ser o mesmo día a a loita tornarse estéril.[5]

Henrique Dacosta sinala: os temas da morte, do sentido da vida, do valor do pasado, do misterio do alén, están presentes nestas composicións. Carvalho Calero, quer poeta, quer home, intúese na soleira da morte.[6]

Contido[editar | editar a fonte]

1ª parte
Névoa de sol
  • 1. Nom lho perguntarei, nom, aos pardais
Nom lho perguntarei, nom, aos pardais,
nem à cachorra, nem ao paporruivo;
nom lho perguntarei à lavandeira
que decote uns, outros de cando em cando,
ao meu terraço acodem, a comer
as miúdas migalhas que lhes boto
... [7]
  • 2. Se somos como somos, por que pujo
  • 3. Ao ficar só, já posto o sol, espero-te
  • 4. Mas se todo termina, que sentido
  • 5. Luitar continuamente, para quê?
  • 6. Mistério da minhoca
  • 7. Que mais tem
  • 8. Todo termina mal. Tés que ajeitar-te
  • 9. Vinhem aqui para os visitar
  • 10. Tanto se amavam que se atormentavam
  • 11. Eu fum alguém? Tal vez ninguém? Anacos.
  • 12. Pido talvez o que nom podes dar-me
  • 13. Nós que vemos o mundo desde a altura
  • 14. Uma alegria de tamanho mediano
  • 15. Un bom dia a velhice
  • 16. Como amei tam desenfreadamente
  • 17. Ainda que vivim pouco, muito sonhei
  • 18. Inesperadamente
  • 19. Gosto da soledade cando espero
Gosto da soledade cando espero
que ao cabo dela esteja a companhia.
O desejo do asceta mais autero
é o futuro prazer da teofania.
... [8]
  • 20. Só en soledade podes ser feliz
  • 21. E agora som um velho patrom que
  • 22. Um ser humano é uno
  • 23. Pé do ninho dos anjos umha pena
  • 24. Edem, jardim, paraíso
  • 25. Cando o finito alcança a conhecer
  • 26. Como sabe que cedo há de deixá-la
  • 27. O finito é miséria, e o infinito
  • 28. Era a felicidade
  • 29. O espertelho voa
  • 30. Nom acores se na árvore deixaste
  • 31. Douscentos mil quilómetros
  • 32. É natural que areles a perfeita
  • 33. Quantos antroidos
  • 34. Verdadeiro poeta foi. Nom escreveu
  • 35. As palavras nom devem profanar-se. É o logos
  • 36. Aqui me tés, querida
2ª parte
Ponte de ar
  • 1. Chuva primaveral lavou o dia
  • 2. Núpcias da pita do monte
  • 3. München-Madrid
  • 4. De Combarro a Arca
  • 5. Cruzando a ria
  • 6. Nom queiras barbear-te enxabroando-te
  • 7. Aquel anjo coas pontas das suas asas
  • 8. Hai um longo caminho entre a terra e o céu
  • 9. Aqueles pés que tam formosos eram
  • 10. Às sete da manhá soa um timbre no sanatório
  • 11. Halley: 1910-1987
Aquel que no horizonte duas vezes
enxergou o cometa, viveu muito.
Nom antecipes o teu próprio luito,
nem ao cabo te laies se esmoreces
... [9]
  • 12. Director de orquestra
  • 13. A troca dos sonhos
  • 14. Jardim de infância
  • 15. Se vivesse mil anos, qual seria
3ª parte
As pétalas da rosa
  • 1. A rosa, embaixadora de fragância
  • 2. A magnólia, camélia, dália ou rosa
  • 3. Deixa-me que me alague na doçura
  • 4. Mulher de doce sal e neve mole
  • 5. Uma boca violeta é fácil de topar
  • 6. Uma coroa de violetas
  • 7. Dormiste no meu leito, e á manhá
  • 8. Nom me interessa a tua roupa interior
  • 9. Se tu tamém te consideras pó
  • 10. O senhor concedeu-che audiência
  • 11. Tu que rompeste a minha soledade
  • 12. Se pudesse separar as tuas dores das minhas
Se pudesse separar as tuas dores das minhas
pediria-che que, como um presente nas minhas maos,
pugesses os teus males sobre as minhas costas,
liberando-te deles para fazê-los meus
... [10]
  • 13. Como quem sabe que há de despedir-se
  • 14. E terei de mirar-te
  • 15. Dixo el: Proponho-che que nos amemos
  • 16. Vinte anos esperei a tua visita
4ª parte
Cantigas de mulher
  • 1. Tal vez nom voltes a ter entre as tuas maos
  • 2. Nos teus sonhos o meu brancor é de cristal
  • 3. Cando estou bêbada do teu vinho
  • 4. Contempla e agarima a minha trança
  • 5. O teu alento sobre a minha nuca
  • 6. Acepilhando o meu cabelo, sentada
...
Dentro de uns minutos deixarei de pensar em ti
e começarei a sonhar contigo[11]
  • 7. O meu cabelo é absolutamente negro
  • 8. Perdoa-lhe, Senhor
  • 9. Lembro o que me figeste sofrer. Lembro
  • 10. Tomava-me umha mao coas duas suas
5ª parte
Arredor de si
  • 1. Minha querida mai, mui mal me tratas
  • 2. Todos os meus filhos tenhem o cabelo branco
  • 3. Somos os pacifistas
  • 4. A maior parte desta poesia
  • 5. Figemos a revoluçom burguesa
  • 6. O ódio nom é judeu nem árabe
O ódio nom é judeu nem árabe,
israelita ou palestino.
O ódio é simplesmente humano.
Hai quem non pode odiar
... [12]
  • 7. Na China
  • 8. Como pudemos
6ª parte
Ilha de luz
  • 1. No Líbano nom hai cedros do Líbano
  • 2. A alopecia em progressom socrática
  • 3. A bela Isolda, filha de Agwisance
...
Isolda a Brancas Maos somente tivo
benévolos abraços e beijos melancólicos.
O ódio é simplesmente humano
no meu leito bretom, em que o fantasma
da senhora de Tintagel, teimoso, se interpunha.
[12]
  • 4. A fiel Bragane que infielmente pujo
  • 5. Elaine no castelo de Caso
  • 6. Sir Lacelot e as catro rainhas
  • 7. A rainha, orgulhosos seios de ouro
  • 8. Genevra e o Graal nom som incompatíveis
  • 9. Depois de realizarmos muitas cavalarias
  • 10. E dixem eu: Le Roi
  • 11. Carlota cortando fatias de pam
  • 12. Que feliz seria em Elba este home se pudesse
  • 13. Comprendo que quigesses ser Vadim
  • 14. O Orquestra Filarmónica de Osaka
  • 15. Treze monges budistas

Notas[editar | editar a fonte]

  1. Carvalho Calero, Ricardo (1990). Reticências... (1986-1989). Sotelo Blanco Edicións. ISBN 84-7824-070-5. 
  2. Vilas Losada, Demetrio. "O adeus poético de Ricardo Carvalho Calero" (PDF). poesiagalega.org. Consultado o 10/11/2018. 
  3. Vilavedra, Dolores (Coord.) (1995). Diccionario da literatura galega, I, autores. Galaxia. p. 109. ISBN 84-8288-019-5. 
  4. Villamayor, Sindo. "O silencio interior (1940-1950)" Historia da literatura galega, 33. A Nosa Terra. p. 1047. 
  5. Rabuñal, Henrique (2020). Ricardo Carvalho Calero. O anxo da terra. Galaxia. p. 135, 136. ISBN 978-84-9151-436-7. 
  6. Dacosta, Henrique (2020). Carvalho Calero, vida e obra dun ser polifacético. Edicións Xerais de Galicia. p. 53. ISBN 978-84-9121-625-4. 
  7. Carvalho Calero 1990, p. 9.
  8. Carvalho Calero 1990, p. 29.
  9. Carvalho Calero 1990, p. 73.
  10. Carvalho Calero 1990, p. 92.
  11. Carvalho Calero 1990, p. 111.
  12. 12,0 12,1 Carvalho Calero 1990, p. 126.

Véxase tamén[editar | editar a fonte]

Ligazóns externas[editar | editar a fonte]